A estatueta de animação

Quando fiquei sabendo que o Oscar 2015 está se aproximando, pensei: nossa, esse ano vou assistir todos os filmes indicados pra conseguir torcer com propriedade! Pois bem, hoje já é dia 13 de fevereiro e dentre os 38 trabalhos que concorrem a uma estatueta, eu assisti nada mais, nada menos quê: dois. Vamos ignorar o detalhe de que estou falhando lindamente em minha missão e focaremos nesses dois filmes que vi até o momento, já que esse post é dedicado a eles.


Animação é o meu gênero favorito, mas foi totalmente por acaso que eu assisti justamente dois concorrentes dessa categoria. Primeiro que quando consegui baixar Como Treinar o Seu Dragão 2 eu não sabia que ele estava na lista e algo semelhante aconteceu com Os Boxtrolls – eu esqueci que ele era um indicado quando assisti. Mas isso são detalhes, apenas detalhes.

Como Treinar o Seu Dragão 2 conta mais um pouquinho sobre a história de Soluço, o garoto (que agora é um rapaz, né) que não sente mais medo de dragões. Achei uma gracinha ver a relação que os vikings estabeleceram com os dragões e, principalmente, a amizade que Soluço manteve com Banguela. Só que o tcham do filme está longe de ser esse.

Na sequência de Como Treinar o Seu Dragão nós assistimos reencontros e despedidas – que, sim, cortaram o meu coração em mil pedaços. Nós recebemos uma bela lição de que devemos perdoar os outros – ainda mais quando “os outros” são nossos amigos – e, mais uma vez, acompanhamos algumas batalhas.

Geralmente – nada de generalizar – as sequências não ficam tão boas quanto deveriam, mas eu não senti isso em Como Treinar o seu Dragão 2, ainda que ele não tenha me conquistado tanto quanto o primeiro. Eu me emocionei e fiquei feliz em saber que terá um terceiro filme, mas também pensei durante um tempão se teria gostado se eu tivesse, sei lá, menos de dez anos.

Antes de mais nada, como posso explicar a vocês o que são os boxtrolls? Posso dizer que são criaturas diferentes, que são pequenos monstros, mas nenhuma dessas definições me deixam contente. Por isso peço para que vocês olhem para o cartaz que coloquei ali em cima. Olharam? Então, aqueles bichinhos são os boxtrolls e eles são perseguidos na sociedade onde vivem pelo grupo de Chapéus Vermelhos.

Só que eles não são perseguidos à toa, sabe. Isso ocorre porque toda a população sente medo deles e dos boatos que foram lançados a respeito do que eles fazem, como por exemplo, o de que sequestram e devoram bebês. Logicamente ninguém quer ser vítima de criaturas assim, então, sim, eles são caçados. Mas será que os boatos são verdadeiros? Será que é feita a justiça com relação aos Boxtrolls?

Eu adorei esse filme com força. A personalidade das personagens, as críticas por trás de alguns atos, a história, a coragem, o amor – e aqui eu estou me referindo ao amor paterno, sim? – foram pontos que gostei muito de ver sendo desenvolvidos. Se meu amor por filmes de animação já é enorme, imaginem como eu fico com filmes de animação que trabalham os outros tipos de amor! Se você ainda não assistiu, assista.

Ainda não assisti Operação Big Hero, Song of the Sea e nem O Conto da Princesa Kaguya (mas já digo de antemão que fiquei imensamente feliz por ver o Studio Ghibli entre os concorrentes!), mas tenho a minha preferência até segunda ordem. Mesmo que Como Treinar o Seu Dragão seja uma das minhas animações preferidas, minha torcida não fica com a sua sequência, e sim com Os Boxtrolls. Pelo menos por enquanto, né? Acho que até o dia 22 eu consigo assitir os outros três indicados. Dedinhos cruzados!

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Whiplash – Em Busca da Perfeição

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Não existem duas palavras em nossa língua mais prejudiciais do que ‘bom trabalho”.

“Em Busca da Perfeição”. O que isso significa para você? Atingir o perfeccionismo, certo? E como você consegue chegar a esse ponto?

Confesso que resolvi assistir Whiplash mais por Miles Teller do que pelo longa ter sido indicado ao Oscar, até porque, eu acho difícil achar um filme realmente bom e ousado para falar sobre música, ainda mais um que tem o foco em um baterista.

Enquanto eu assistia o filme, eu ia me lembrando dos meus tempos de infância, enquanto eu passava horas do meu dia estudando música, para que quando minha professora chegasse, não houvesse nenhum erro em minha performance.

Vamos dizer que é mais ou menos isso que acontece com Andrew Neiman, interpretado pelo Miles. Ele é um baterista, que busca se tornar um dos maiores músicos da geração, estuda em um dos melhores conservatórios do país, e como qualquer músico presente naquele lugar, tenta agradar e atrair o célebre regente Terence Fletcher, interpretado por J.K. Simmons. A boa notícia, é que Andrew consegue chamar a atenção de Fletcher. A má notícia, é que o cara não é apenas exigente, a sua disciplina é militar e quase abusiva, a ponto de agredir verbalmente e fisicamente e psicologicamente os seus músicos.

Andrew então, não satisfeito em estar na banda, começa a entrar em um processo – que ao meu ver é de auto destruição – de busca da perfeição, que se torna uma obsessão, fazendo com que ele se afaste das pessoas e pense apenas na bateria.

A direção de fotografia feita por Sharone Meir, merece um destaque especial. Cada detalhe mínimo dos movimentos mostra um respeito pela música. O diretor e roteirista Damien Chazelle também merece receber um carinho especial por toda a sua dedicação.

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Uma curiosidade interessante, é que Miles Teller tocou em 70% das cenas do filme, sendo substituído pelo seu instrutor. O ator, toca bateria desde os 15 anos, passou por várias sessões de aula para aprender o jazz, e inclusive, foi ele que participou de uma das cenas que mais me marcou durante o filme, onde toca o instrumento até suas mãos sangrarem, sendo que o sangue, era realmente do ator. O filme então, traz uma sequência final espetacular, o encerrando da melhor maneira possível.

Com esse filme concluí que: Miles Teller é muito melhor do que as pessoas pensam. Melissa Benoist – que pra sempre será a sonsa do Glee – realmente não é uma boa atriz. E a perfeição tem seu preço, e ele nem sempre é bom.

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101 Coisas Em 1001 Dias

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Foto: Fernanda Nogueira

No dia 01 de janeiro de 2013, eu resolvi iniciar o projeto de 101 Coisas Em 1001 Dias, que basicamente é fazer uma lista de 101 coisas que você gostaria de fazer nesses 1001 dias e colocá-las em prática.

É claro que no meio do caminho eu me esqueci totalmente do projeto e acabei deixando de lado, porém, esses dias eu fui dar uma olhada em meu blog antigo, e resolvi conferir como eu estava indo, já que o prazo do projeto está acabando (no caso ele termina no dia 29/09/2015)

Eu até me assustei quando vi, que mesmo sem ficar seguindo à risca, eu tinha realizado várias coisas e tirei algumas conclusões sobre, mas eu vou falar sobre isso mais tarde. Por enquanto, vamos ver a minha lista de coisas (que foi feita há 2 anos, então algumas delas não fazem mais sentido hoje em dia, mas enfim):

Beauty and health

1 – Tomar Quatro garrafinhas de água por dia durante 1 mês e tornar um hábito.

2 – Fazer uma reeducação alimentar.

3 – Emagrecer 8 kg.

4 – Tomar refrigerante apenas nos finais de semana.

5 – Caminhar todos os dias ou fazer academia.

6 – Fazer as unhas toda semana.

7 – Fazer um tratamento na pele (e não parar).

8 – Não dormir com maquiagem durante 1 mês e tornar um hábito.

9 – Comer salada todos os dias durante 2 meses e tornar um hábito.

10 – Comer frutas na parte da tarde por um mês e tornar um hábito.

11 – Ir ao oftalmologista pelo menos 1 vez ao ano.

12 – Usar meus óculos o tempo todo, todos os dias por um mês.

13 – Fazer hidratação no cabelo toda semana.

14 – Apenas comer bolo de nutella na faculdade 1 vez por mês.

THINGS TO DO

15 – Começar um caderno de receitas.

16 – Revelar minhas fotos.

17 – Arrumar a decoração do quarto.

18 – Fazer e manter o projeto 365 days.

19 – Escrever mais histórias para o blog.

20 – Fazer meu mural de fotos.

21 – Organizar meus materiais.

22 – Gravar 1 música em um estúdio.

23 – Manter meu quarto organizado por um mês e tornar um hábito.

24 – Tirar fotos de look do dia por um mês.

25 – Customizar roupas antigas.

26 – Postar no blog todos os dias durante 1 mês.

27 – Gravar 1 cover por semana durante 1 mês.

28 – Escrever cartas.

Shopping

29 – Fazer um cofre e abri-lo após 1 ano.

30 – Comprar uma Canon Rebel T3i ou T4i.

31 – Comprar mais moleskines.

32 – Comprar canetas stabilos.

33 – Comprar CDs dos meus artistas favoritos.

34 – Comprar algo no e-bay.

35 – Comprar 4 livros por mês.

36 – Comprar algo na loja Bobô.

37 – Comprar apenas 1 esmalte por semana.

38 – Comprar alguma maquiagem da MAC.

39 – Comprar a paleta Naked.

40 – Comprar um macbook.

41 – Trocar meu iPhone.

42 – Comprar uma carteira da Kipling.

43 – Comprar algo na Sephora.

44 – Comprar um pacote da CVC para ir à Disney.

45 – Comprar um sapato na Schutz.

46 – Comprar um carro.

47 – Ir a algum show internacional.

48 – Comprar um domínio para o blog.

49 – Comprar um violão.

50 – Comprar um piano elétrico.

51 – Comprar perfumes diferentes.

Study and learn

52 – Aprender a falar francês e mandarim.

53 – Aprender a fazer origamis.

54 – Treinar meu inglês com algum americano.

55 – Aprender a costurar.

56 – Ler um livro em inglês por mês.

57 – Ler todos os livros obrigatórios da faculdade.

58 – Estudar teoria musical 1 vez por semana durante 1 mês e tornar um hábito.

59 – Estudar piano.

60 – Entrar numa aula de violão.

61 – Voltar a estudar flauta transversal.

62 – Voltar ao ballet.

63 – Aprender a cozinhar.

64 – Aprender a editar vídeos no premiere.

65 – Aprender a mexer no illustrator.

FRIENDS

66 – Sair com os amigos um vez por mês, pelo menos.

67 – Mandar cartas para a Sara.

68 – Fazer um dia de SPA por mês com as primas.

69 – Viajar com as amigas.

70 – Ir ao Rock In Rio com o pessoal da faculdade.

71 – Fazer amigos novos.

72 – Rever os amigos de São Paulo.

73 – Visitar a Yasmhine.

74 – Ir para Glória de Dourados pelo menos 1 vez por ano.

75 – Sair com a galera da faculdade.

Love

76 – Encontrar o amor [obviamente].

77 – Ir ao cinema 1 vez por semana.

78 – Fazer passeios diferentes.

79 – Dar de presente algo feito por mim.

80 – Fazer uma surpresa.

81 – Todo mês sair para jantar com as duas famílias juntas.

82 – Sempre achar jogos diferentes para o videogame, PC, etc.

About me

83 – Viajar para fora do país.

84 – Parar com a timidez.

85 – Me organizar com a agenda.

86 – Continuar trabalhando.

87 – Gastar menos dinheiro com futilidades.

88 – Fazer programas diferentes com a família toda semana.

89 – Assistir 5 séries novas durante as férias.

90 – Fazer alguma mudança radical no cabelo.

91 – Colocar piercing no nariz.

92 – Não usar a frase “não tenho roupa” durante 1 mês.

93 – Parar de comer coisas que me fazem mal, mesmo sendo gostosas.

94 – Fazer uma tatuagem.

95 – Cantar em algum lugar público.

96 – Escrever para alguma revista grande.

97 – Ler a bíblia toda, todo ano.

98 – Não responder para os meus pais durante 1 mês.

99 – Ser mais carinhosa.

100 – Ter menos sentimentos

101 – Pensar antes de falar.

Como eu disse, algumas coisas na lista mudaram ou não fazem mais sentido pra mim, mas outras até hoje, são metas da minha vida. Coisas como “Ir para Glória de Dourados pelo menos 1 vez por ano” ou “Fazer um dia de SPA por mês com as primas” deixaram de ser prioridades na minha vida há algum tempo, mas também existem as coisas que eu nem quero mais como “Aprender a falar francês e mandarim” ou “Voltar a estudar flauta transversal”. Também existem os desejos que foram levemente alterados como: “Comprar um pacote da CVC para ir à Disney” que virou “ir para a Disney sem pacote nenhum” ou “Comprar uma Canon Rebel T3i ou T4i” que virou “Comprar uma Canon Rebel T5i ou 60D”.

Apesar de todas as mudanças e listas, uma coisa que eu percebi é: quando eu paro de colocar no papel o que eu quero ou não quero fazer, tudo vai se resolvendo naturalmente. Existem coisas que quando colocadas em metas são mais eficazes, mas existem outras coisas que só o tempo (não calculado) pode resolver. Lembre-se: querer não é poder.

Com essa minha bagunça de pensamentos eu quero dizer que: dê tempo ao tempo. Não fique dependendo das suas metas. Não se limita pelos seus desejos. A vida é cheia de surpresas, as vezes o que você queria ontem, pode não fazer sentido amanhã, mas se você ficar presa, nunca saberá o que poderia ter acontecido.

E aí, como está sendo o ano de vocês até agora?

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Quem é Lena Dunham?

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Lena é uma nova iorquina de 28 anos, seu pai é pintor e sua mãe fotógrafa. Desde pequena ela sentia que não se encaixava na sociedade “Primeiro, eu era uma criança pequenininha que não tinha amigos. Depois, era uma adolescente gorda que não tinha amigos”. Ainda na infância começaram as crises de ansiedade, o diagnóstico? A pequena Lena tinha TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), sendo assim teria que tomar remédios pra se controlar.

Vamos pular para a faculdade, Lena cursou escrita criativa na Universidade de Oberlin  e se formou em 2008. A pior fase da vida deve ser essa: terminar a faculdade e simplesmente não saber o que fazer, a sociedade te pressiona a arranjar um emprego e você pode largar seus sonhos de lado em nome de estabilidade financeira. Lena foi correr atrás de ser atriz, ora deveria dar algum dinheiro né, fez alguns filmes durante os anos de faculdade, mas nada que desse o reconhecimento que queria.

Mas em 2010 o mundo deu a Lena o impulso pra fama, ela escreveu, dirigiu e atuou no filme independente “Tiny Furniture”. Tão feito em casa que o longa tem sua mãe, irmã e melhor amiga como atrizes. O reconhecimento veio com o prêmio de Melhor “Longa Metragem de Ficção” no festival South by Southwest.

Dois anos depois veio a ideia de uma série de tv, foi então que em 2012 a HBO aprovou a produção de “Girls”. Daí foi só ladeira à cima, Lena foi indicada ao Emmy nas categorias atriz, roteiro, produção e direção, já no Golden Globes levou os prêmios de atriz, roteiro, produção e direção e a série ainda arrebanhou a categoria “Melhor Série de Comédia”.

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(de baixo pra cima) Lena Dunham,Allison Williams, Zosia Mamet e Jemima Kirke

 

No começo de 2013 veio o prêmio de “Melhor Diretora” na categoria “Série de Comédia” no Directors Guild Award, lembrando que foi a primeira mulher a ganhar esse prêmio. Mas diante de tanto reconhecimento, Lena começou a sofrer com o preconceito por ser gordinha.

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Aí sempre tem aquele tipo de pessoa “textão no face” que resolve falar mal da mulher porque ela tá acima do peso. Lena tem diversas cenas nuas, sua personagem Hannah se mostra de maneira tão confortável com o próprio corpo que eu não entendo porque as pessoas se incomodam tanto. Joan River foi um desses que fez um comentário mais que infeliz no programa de Howard Stern “A mensagem que ela passa é que é ok ser gorda. Seja gorda, desenvolva diabetes. Todo mundo morre, perca seus dedos”.

A sociedade é construída sob padrões de beleza, sexualidade, religião, e qualquer desvio é um absurdo. Assim, é completamente normal você ser fora dos padrões, contanto que ninguém saiba e nem veja isso. O que choca nas cenas de Lena na série não são as imagens em si, porque elas são normais e banais, mas o fato de que ninguém quer ver uma mulher gorda transando nem sentada na cadeira do ginecologista.

Lógico que sempre deve se pensar na saúde, mas se está tudo bem e mesmo assim você está acima do peso e se ama desse jeito QUAL O PROBLEMA?! E eu vou falar uma coisa foi exatamente o retrato de mulher comum, gordinha, tatuada e frustrada com a vida adulta que me conquistou e fiquei apaixonada por essa atriz genial.

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Lena Dunham ainda lançou um livro Not That Kind of Girl: A Young Women Tells You What She’s Learned (clique pra ler um trecho do livro), um tipo de autobiografia que já se tornou polêmica. Em um trecho Lena descreve um rapaz que a teria estuprado na faculdade, um outro homem com o mesmo nome e as mesmas descrições foi atrás de fazer com que retirassem a passagem do livro. A editora teve que imprimir nas outras edições que o nome que a autora dá ao rapaz é fictício.

Polêmicas a parte Lena Dunham é uma mulher maravilhosa de linda e inteligente, “Girls” é uma das melhores séries que eu já vi.

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TAG: Estante Perfeita

Essa tag foi criada pela senhorita Beatriz Nathaly do blog Escrevendo Mundos e a própria indicou o Agora v4i para participar. São seis perguntas sobre as nossas estantes que precisam ser respondidas, então não vamos nos prolongar em introduções!

1) Uma estante só é perfeita se tiver seus livros favoritos. Diga 3 livros que você ama e o por quê.

Acabo depositando muitas expectativas nos livros quando sinto uma vontade louca de lê-los. Nem sempre eles correspondem a tudo aquilo que estávamos esperando, mas outros, como A Menina que Roubava Livros, não só atendem como também superam. É inevitável: eu acabo julgando uma história pela quantidade de lágrimas que ela arranca de mim e a história de Markus Zusak me deixou sem chão, sem teto, sem paredes e sem ar. Ganhou meu coração.

Não curti essa foto, nhé ç-ç

Ler algo sob o ponto de vista de uma criança é tão bom, principalmente quando quem escreve sabe trabalhar a personagem. É assim com Extraordinário, e detalhe: aqui não temos apenas uma, mas várias crianças (ou pré-adolescentes, né), cada qual com uma opinião. É um livro que trata sobre um assunto sério, mas que acaba sendo desenrolado de um jeito leve e que te prende. Me ganhou total, também.

Não sei nem explicar o quanto esse livro é importante pra mim, mas sei, sim, expressar o que ele não significa: não foi o fim. Não pra mim. J.K. pode até não escrever mais nada com Harry, Ron e Hermione sendo os protagonistas, mas eles (e todos os outros) continuam conosco e não é um “Tudo estava bem” que vai colocar um ponto final nessa trajetória. Harry Potter, além de ter uma história linda, só me aproximou de pessoas incríveis. Escolhi Relíquias da Morte para representar a série e minha estante jamais seria a mesma sem ele.

2) Escolha livros que você não gostou para tirar da sua estante e diga o por quê.

Esses dois deixaram a minha estante há um bom tempo. Já comentei antes que detesto as leituras obrigatórias aplicadas pelos colégios (mesmo achando que elas sejam, sim, importantes) e minha birra com essa imposição chegou a níveis estratosféricos com Morte e Vida Severina. Gente, não deu. Até hoje não sinto um pingo de vontade de ler inteiro (não é nada pessoal, sr. João Cabral de Melo Neto, só… não). Já A Rainha da Fofoca eu li em uma época que… digamos… não me sentia confortável lendo certas coisas e resolvi vender meu exemplar, mesmo. Sim, me arrependo de ter vendido. Caso tivesse lido hoje, ele com certeza permaneceria na minha estante.

3) Quais são os livros autografados que você tem na sua estante que você mais gosta?

Não tenho livros autografados, NHÉ ): </3

4) Quais livros faltam na sua estante para ela ser perfeita?

Nossa, Nicolle, mas você não quer nada, hein?! E olha, vou contar uma coisa para vocês: não são apenas esses que coloquei na imagem, não. Para que a estante fique perfeita é necessário que todas as séries estejam completas, não concordam? Então. Faltam O Mar de Monstros e A Maldição do Titã para que eu complete Percy Jackson e os Olimpianos; Aura Negra, Laços do Espírito e O Último Sacrifício n’Academia de Vampiros; Em Chamas para Jogos Vorazes; Finale em Hush Hush e vixe, acho melhor parar de citar porque tá começando a me dar desespero (e meu bolso então, tadinho, até se contorceu hahahaha).

5) Quais são as capas mais bonitas que você tem na sua estante?

A capa de Mockingjay (aquela que veio estampada na edição hardcover, não da jacket) e d’O Mundo de Sofia são as minhas favoritas, dentre aquelas que tenho por aqui.

6) Mostre uma foto da sua estante/canto/gaveta/armário onde você guarda seus livros.

Resolvi fotografar apenas as estantes para representar os cantinhos onde guardo os meus livros, mas nem todos estão aí. Alguns foram encaixotados (mangás, na maioria) e outros espaços não são muito bem iluminados, então as fotos não ficariam nada legais. Mas creio que essas duas fotos estão de bom tamanho, né?

Por fim, a tag também pede a indicação de mais cinco blogs. Posso extrapolar um pouco esse número? Bom, espero que sim, porque eu escolhi indicar todas as participantes do Projeto Literário 16 on 16 (Ghiovana, Ariana, Camyli, Maria Fernanda, Daniela, Lys, Thaís, Gabriela, Maíra, Brunna, Lianne, Marlana, Carolina). Meninas, vocês estão mais do que convidadas a participar dessa tag, viu? :3

***

E essa foi a primeira tag da qual o Agora v4i participou, YAY! Muito obrigada pela indicação, Beatriz, gostei um monte ❤

assinatura Agora v4i

Sobre desapego

Este é um ensaio sobre o quão bom é deixar as coisas irem embora.

A palavra desapegar trás consigo o estigma de ser uma atitude drástica, e por vezes, desesperada. E não deixa de ser em certas situações, mas no fim é apenas uma necessidade de renovação. Nossos armários estão sempre cheios de coisas inúteis, roupas que não servem, sapatos que nem foram usados mas que estão lá, esquecidos. Por que temos essa estranha mania de guardar tudo?

O apego emocional pode ser um dos motivos, talvez isso nos transforme em acumuladores um dia. Eu mesma estou olhando pra porta aberta do meu guarda-roupas e por que mesmo eu tenho tantos cremes hidratantes? A maioria presente do meu aniversário de 15 anos, com os nomes de quem deu devidamente escritos embaixo das embalagens.

Roupas se acumulam muito facilmente, pilhas bagunçadas, gavetas cheias e muitos cabides. O ponto realmente crítico é não lembrar o que tem guardado, porque não dá pra ver. Eu sei, é difícil se desvencilhar de roupas, cada uma carrega uma lembrança diferente ou um investimento financeiro bem alto, mas é incrível a sensação de liberar espaço e guardar outras coisas.DSCN5069

Outras pessoas ficam extremamente felizes com o que você não usa mais, mesmo que você ache brega e fora de moda. Doe o que estiver sobrando, o que não servir, o que não quer, o que não gosta, fazer alguém feliz com tão pouco trás um pouco de paz nessa vida cheia de cobranças. O que dizem sobre deixar as coisas irem pra que outras possam chegar é verdade, e eu não estou falando apenas do lado material.

Engraçado como é fácil de comparar um armário lotado com nossa cabeça e nosso coração, em algum momento da vida, infelizmente, ao olhar bem fundo se vê um amontoado de sentimentos antigos, lembranças de pessoas inúteis, preocupações igualmente sem utilidade. Cada pessoa lida de um jeito, algumas vão empurrando cada vez mais pro fundo, até que finalmente esquecem. Outras tentam se livrar e falham,e ainda tem aquelas que reciclam e tiram o melhor daquilo.

Mas é preciso tempo para que esse monte de coisas se acomodem, só assim dá pra saber o que fica e o que vai. Na passagem deste último ano eu comecei a me sentir incomodada, extremamente estranha. Achei que poderia ser saudade, mas era maior que isso. De tanto pensar eu acabei me dando conta que eu estava cheia, eram angústias, medos, insatisfações comigo mesma, realmente era muita coisa pra carregar.

Desmoronei. Mas não fiquei mais segurando tudo aquilo, eu escrevi, chorei, simplesmente deixei que fosse embora com as lágrimas. Por um momento pensei que estivesse com depressão, rezei pra não ser verdade. Foram semanas esquisitas, em que sentia completamente deslocada do mundo vendo as pessoas e os dias passarem, aí veio um estalo. Acordei e me senti em casa de novo, renovada. Mas faltava um detalhe, eu tinha a necessidade de cortar o cabelo.

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 Passei dois anos cuidando pra que ninguém cortasse mais que dois dedos do meu cabelo. Quando comecei sentir que ele era um peso pra mim foi estranho, mas eu não sentia que iria me arrepender depois. Acredito que muito mais do que desapego esse momento era uma renovação, de dentro pra fora. Nessa hora só passava uma coisa pela minha cabeça, um pedaço de uma música do Scracho

E você vai se olhar no espelho
Quando for chegada a hora
Vai mudar o cabelo, o seu look inteiro
E dizer que agora

É vida que segue!

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E a vida tá seguindo mesmo, mais leve do que antes. A mesma pessoa só que com mais espaço pra guardar tudo que tiver que vir.

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Estudando longe de casa (Parte I)

A semana de inscrições no SiSU é uma das mais tensas e intensas na vida daqueles que dependem da nota no ENEM para iniciar o Ensino Superior. As notas de corte sobem todos os dias, novas inscrições são feitas a todo o momento e você está ali, com os dedos cruzados torcendo para que tudo dê certo. Essa vaga tem que ser minha, você pensa. Aqueles que precisam fazer o vestibular também passam pela mesma ansiedade. As unhas vão embora, o coração bate mais rápido na espera do resultado e a expectativa de encontrar o próprio nome na lista dos aprovados é enorme.

Eu não tenho dúvidas de que muitos vão conseguir. Dependendo do curso e da universidade desejada, vão até precisar arrumar as malas e seguir para outra cidade – e até mesmo para outro estado! – para conseguir realizar o sonho de se tornarem bons profissionais no futuro. Mas como é sair de casa para estudar? Quais as dificuldades e quais as precauções? O Agora v4i pensou nisso e convidou a Beatriz Braccialle, o Hendrick Gramasco e o Ronaldo Cruz para contar um pouquinho sobre a experiência que eles adquiriram quando foram aprovados em uma faculdade longe do lugar onde viviam.

entrevistados

A Beatriz (20) deixou Auriflama (SP), comprou as passagens para Maringá e foi cursar Letras na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Hendrick (19) se despediu de Olímpia (SP) e seguiu para São Carlos para iniciar sua caminhada em Medicina, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Ronaldo (20) saiu de Cachoeiro de Itapemirim (ES) inicialmente para mergulhar no Design Gráfico na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mas hoje cursa Música na Pontífica Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), tudo em Curitiba.

Agora que já sabemos um pouquinho sobre eles, vamos conferir a primeira parte da entrevista com o trio?

vestibular

Tudo começou quando vocês ainda estavam cursando o Ensino Médio. Como vocês se prepararam para o vestibular/ENEM? Como era a rotina de estudos?

Beatriz: Quando eu ainda estudava na escola pública, eu não me importava muito com os estudos. Depois que fui pra escola particular (2º e 3º anos do ensino médio) eu passei a me importar mais, pois não era barato pra minha mãe pagar a escola. Então todo dia eu estudava a matéria dada. E na quinta-feira, além de estudar as matérias que eu tinha naquele dia, eu revisava a matéria da prova que teria na sexta-feira, toda sexta-feira eu tinha duas provas.

Hendrick: Tudo começou lá em 2011, quando eu estava no 2º ano do ensino médio… Naquele ano, resolvi me inscrever, como treineiro, para o ENEM e para o vestibular da FUVEST. Depois de fazer essas provas, decidi que não estava me preparando o suficiente para o vestibular, então me inscrevi e prestei uma prova para o concurso de bolsas do único cursinho da cidade onde eu moro (ou morava?). Consegui a bolsa e me matriculei no cursinho. Minha decisão foi reforçada depois que fiz a 2ª fase da FUVEST, ainda como treineiro. Em 2012, meu ano “oficial” de vestibulando, fazia o 3º ano do ensino médio numa das escolas públicas mais tradicionais da minha cidade pela manhã, estudava por minha conta durante a tarde e ia para o cursinho noturno.

Ronaldo: Pouco antes das provas de vestibular, sempre cai o desespero de rotina, rs. Mas de estudos mesmo, eu só estudava junto com a escola, mas aconteceu tudo tão rápido! Eu não esperava pela faculdade ainda, faltava mais um ano pra finalizar meu ensino médio e de repente eu já estava de malas prontas pra Curitiba!

Terceiro ano chegou e tava mesmo na hora de escolher qual seria o rumo que a vida tomaria depois de concluir o ensino regular. Vocês ainda estavam em dúvida quanto ao curso que fariam no ensino superior? Como foi o momento em que vocês perceberam que era Letras/Medicina/Design Gráfico que vocês queriam?

Beatriz: Pra ser completamente sincera, eu não lembro como surgiu na minha cabeça o curso de Letras/Inglês. Acho que alguém comentou sobre esse curso e eu gostei do que falaram, então falei que ia prestar esse curso na UNESP e na UEM. Às vezes eu pensava se era isso mesmo o que eu queria pra minha vida, mas tirando inglês, tinha pouca matéria que eu realmente sabia na escola. Eu era boa em História, mas nunca quis dar aula. Então acabei optando pelo curso que faço hoje porque não tenho só a opção de dar aula de inglês, mas sim de ser Tradutora, o que realmente quero.

Hendrick: Na verdade, eu nunca tive dúvidas. Nem sei explicar como e quando escolhi Medicina, só escolhi. Claro que eu sempre pesquisava sobre outros cursos, mas nunca me interessei por outro. Eu nunca cheguei a ter uma 2ª opção, um “plano B”. E não me arrependo!

Ronaldo: Não tem coisa pior do que a pressão de escolher uma carreira pra levar pro resto da vida! Até hoje às vezes me dá vontade de fazer outras faculdades. Pro Design Gráfico, eu conheci algumas pessoas que já cursavam e simplesmente me apaixonei pela área… Pensei: “por que não?”

Quais dicas vocês dão para aqueles que estão se preparando para o vestibular/ENEM e aqueles que ainda não decidiram qual curso vão fazer?

Beatriz: Estudem muito! É bem concorrido. Não precisa se matar de estudar, mas se você se dedicar bastante, consegue passar no vestibular!

Hendrick: Para aqueles que ainda têm dúvidas, acho que o melhor a se fazer é pesquisar e entrar em contato com o máximo de áreas/cursos possíveis. Um bom lugar para se fazer isso são os eventos que as próprias universidades realizam. Aqui na UFSCar, temos o “Universidade Aberta”. São dois dias em que a universidade recebe alunos dos ensino fundamental e médio para apresentar a eles o campus, os cursos etc. Assim, os futuros universitários têm a chance de conversar com alunos dos cursos pelos quais têm interesse, assistir palestras que apresentam esses cursos, conhecer os departamentos…

Ronaldo: Sobre o vestibular/ENEM: estudem! É só através dos estudos que podemos chegar a qualquer lugar que queiramos. E sem nervosismo, é tranquilo se você tiver controle. Sobre o curso: eu vejo as coisas um pouco diferentes. Já trabalhei em áreas que não gosto e sei como é ruim. Hoje eu faço um curso que eu gosto de verdade, independente do que qualquer outra pessoa vá pensar ou dizer. Pra mim, o que dá futuro é ser feliz com o que faz.

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Vocês tiveram aquele clique de que a hora de sair de casa para estudar estava se aproximando. Quando você viu que era a hora de expor essa vontade para a família e como eles receberam a sua decisão?

Beatriz: Meus pais aceitaram muito bem a decisão, não tive problema pra aceitarem nem o curso, nem a faculdade. Disseram que a escolha era minha, e respeitaram a que tomei.

Hendrick: A partir do momento em que escolhi meu curso, minha família já sabia que eu precisaria sair de casa. Eles tiveram bastante tempo para se acostumar com a ideia!

Ronaldo: Eu fui bem direto. Decidi o que queria fazer e onde queria fazer, mas não cheguei impondo nada. Conversei e deixei claro o que eu queria. Depois de um tempo conversando e avaliando, eles acabaram decidindo que iriam me ajudar pro que fosse, mesmo que meu sonho fosse morar tão longe deles.

Finalmente o resultado dos vestibulares foram divulgados e seus nomes estavam lá, lindamente estampados na lista de aprovados. Mas, né, em nenhum dos casos foi na cidade onde vocês moravam. Como a família reagiu quando perceberam que vocês estavam mesmo determinados a seguirem para outra cidade (até para outro estado!)?

Beatriz: Minha mãe perguntou “Você quer ir? ” E eu disse “Quero”. Meus pais então arrumaram um lugar pra eu ficar em Maringá e lá estou até hoje. Em alguns momentos eu quis vir embora, pensei várias vezes em desistir, mas disse que não ia me render e continuo na luta.

Hendrick: Acho que a primeira frase que minha mãe disse foi: “Bem, pelo menos não é tão longe.”. Claro que todos quase surtaram quando passei numa faculdade de outro estado, mas sempre apoiaram minhas decisões! E acabei escolhendo pela faculdade mais perto, no final das contas.

Ronaldo: Eu achei que mamãe fosse surtar! Tive medo da reação dela, mas com meu pai eu já estava mais tranquilo. Acabando que inverteu tudo, papai surtou dizendo que eu tava enlouquecendo e mamãe me deu todo o apoio do mundo! No fim deu tudo certo, ele se acalmou haha.

Vocês já estão há mais de dois anos fora de casa!! Com que frequência visitam a família? Como é lidar com a saudade?

Beatriz: Minha cidade natal fica a cerca de 400km de Maringá, e é em outro estado, em São Paulo, então eu vou pra casa quando é feriado. Se depender do horário de ônibus, to ferrada! Tenho que pegar um às 22h em Maringá, que chega em Araçatuba por volta das 5h da manhã e ainda preciso que minha mãe ou meu pai vá me buscar pra irmos pra Auriflama. Acabo por chegar em casa às 6h da manhã, se o ônibus atrasar… ai ai. Às vezes arrumo carona, então fica mais fácil ir embora. Mas mesmo assim, uma vez ao mês geralmente estou em casa. Acho que o tempo que fiquei mais sem ver meus pais foram dois meses e meio, a faculdade e o estágio apertaram e não teve como ir. Lidar com a saudade não é fácil, ainda mais meu caso: sempre fui muito apegada à família. Tios, tias, avós, avô, primos, primas… foi bem difícil sair de casa, mas nós temos que construir a nossa vida, ir atrás de realizar nossos sonhos. Então levantei a cabeça e fui à luta. E sempre que penso em desistir, lembro de quão difícil foi pra chegar onde estou e quanto meus pais lutaram pra me sustentar.

Hendrick: No primeiro ano de faculdade, eu voltava para casa (pelo menos) duas vezes por mês. Depois, acabei reduzindo para uma vez ao mês… E, agora, nem tenho uma “rotina fixa”. Volto quando posso. E por morar a 2h da minha família, eles também me visitam com certa frequência. Não tanto quanto antes, mas visitam. Quanto a saudade, a internet é um bom conforto. Falo todos os dias com meus pais e minha irmã. Nos falamos por telefone quase todos os dias também, nem que seja só para falar um “bom dia” pela manhã.

Ronaldo: Pior coisa! Eu nunca pensei que fosse TÃO difícil! Quando dá, eu os visito de 6 em 6 meses, mas às vezes nem isso. Hoje sinto falta até das brigas com meu pai. A consciência pesa pra várias coisas, tipo discussões desnecessárias do passado. Agora mesmo eu to respondendo as perguntas enquanto meus pais me levam pro aeroporto. Dói demais não saber qual vai ser a próxima vez que vou poder abraçá-los.

Vamos dar algumas dicas nesse caso também? Quais vocês dariam para o pessoal que sente medo que a família não aceite? E caso não aceitem mesmo, como eles poderiam lidar com isso?

Beatriz: Eu realmente não sei. Eu acho que só devemos opinar sobre um caso quando passamos por aquela experiência, e eu não tive falta de aceitação na minha família. Meus pais sempre me apoiaram. É muito difícil conversar com pessoas que têm opiniões diferentes das nossas e opiniões divergentes temos que saber aceitar porque cada um tem o direito de pensar o que quiser. Acho que o que podemos tentar fazer é defender nosso ponto de vista e tentar mudar, pacientemente, a opinião dos nossos familiares.

Hendrick: Por mais clichê que isso pareça, acho que conversar é a melhor saída. Tente entender os motivos deles e exponha os seus. Tente mostrar como isso será importante para você. E se não funcionar… Bem, acho que isso significa que você terá mais um ano para tentar convencê-los a mudar de ideia, certo?

Ronaldo: É complicado, cada família tem uma história diferente. Meus pais aceitaram tudo, mas nem sempre a gente pode contar com o apoio dos pais pra fazer algo pela paixão. Os nossos pais querem sempre o nosso melhor, então a melhor dica é tentar entender o que eles querem, ver o motivo e mostrar pra eles que esse não é seu objetivo e você precisa escolher algo que te fará feliz de alguma forma.

***

E esse foi o início da série “Estudando longe de casa“, pessoal! Resolvi dividir em três partes, ou então o post ficaria ainda mais longo. Aguardem pela próxima parte, onde o trio conta sobre como foi a adaptação na nova casa e falam um pouco sobre as cidades em que eles estão morando agora.

Beatriz, Hendrick, Ronaldo: muito obrigada por terem aceitado o convite e por toda a paciência ❤

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Existe amor em SP

Oi gente, tudo bem?

Nessas férias eu voltei para a minha cidade favorita do Brasil, e nada mais justo do que compartilhar com vocês alguns dos meus momentos. Hoje então, vamos ter muitas fotos e pouco texto por aqui.

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16 on 16: Quebra da rotina

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Amanhecia quando Evangeline desembarcou na cidade onde seus avós moravam. Tratando-se de tamanho, aquela era a terceira maior do estado, mas isso não tinha um significado tão especial assim: continuava sendo uma mera cidade de interior. Sei que Evangeline não gostava de lá. Achava tudo pequeno, abafado, os comércios fechavam tão rápido quanto abriam, fazia um calor que colocava a resistência humana à prova e os mosquitos faziam a festa todas as noites, mas o que realmente a deixava com raiva do lugar eram as pessoas que ali viviam.

Sabe como é cidade do interior, não é?” comentou para Paola no dia em que decidiu contar para a antiga amiga a sua história com a terrinha, isso há muitos anos. “Todo mundo se conhece, todo mundo sabe da vida de todo mundo… todo mundo fala sobre a vida de todo mundo. Isso me irrita.

Mas naquela manhã nublada eu não senti o desagrado emanar da aura de Evangeline. Tudo o que enxergava era uma garota com as feições enrugadas pela noite mal dormida, uma das consequências causadas pelo sacolejar incessante do ônibus. Percebia seu cansaço, sua vontade por um banho quente, seu anseio por uma cama confortável e, principalmente, percebi a alegria que despertou em seu coração quando seus olhos caíram no casal de idosos que vieram buscá-la na rodoviária às seis e meia da manhã.

Durante todo o trajeto de carro até a casa dos avós – que não durou mais do que sete minutos, devido à pouca distância e a falta de trânsito entre um ponto e outro -, Evangeline foi contando algumas novidades mas, mais do que falar, ela também ouviu. Ainda que o dia-a-dia de Eulália fosse sempre o mesmo, a velha senhora sempre tinha algo novo para dizer. Prestei atenção na postura da garota de dezessete anos. Seu olhar não estava perdido nas ruas de paralelepipedo enquanto Eulália falava a respeito da vizinha, dona Ingrid, que torceu o tornozelo enquanto ia à feira. Nada disso. Os olhos de Evangeline estavam focados nas costas do banco do carona, as sobrancelhas arqueadas a cada fato inusitado contido nas palavras da avó. Ela estava prestando atenção.

Não foi apenas no carro que isso aconteceu, notei. Evangeline e Adalto (e, bom, eu por consequência) escutaram os monólogos de Eulália durante o café-da-manhã, durante o programa da Ana Maria Braga, Bem Estar, Encontro com Fátima Bernardes e durante o almoço também. A folga veio somente depois da segunda refeição do dia, quando o casal reservou duas horas do dia para tirar seu cochilo juntos, no conforto de um quarto com ar condicionado. Se a garota enfim teve tempo para descansar? Não. Os dias naquela cidade seguiam uma rotina e ela sabia que quando os avós iam dormir após o almoço, a prima, Diana, vinha para “fazer uma boquinha” no intervalo de seu trabalho.

Dito e feito. No badalar das 13h30, a mais velha adentrou a residência dos avós sem cerimônia. Tinha a chave, afinal. Surpreendeu-se, porém, ao encontrar Evangeline deitada no sofá assistindo ao programa Video Show. “Oh, então você veio mesmo“, comentou, medindo-a de cima a baixo. “Tá faltando dinheiro, é?“, provocou. Talvez Evangeline não tenha percebido, mas eu quase pude perceber uma gota de veneno pingar dos lábios da recém-chegada. Não devo julgar Diana por ser quem ela é: rude, irônica, inconveniente, interesseira e desprezível. Eu mesma possuía os mesmos defeitos quando a vida pulsava em minhas veias, então seria um belo ato de hipocrisia julgá-la, mas… quem disse que eu também não fui uma hipócrita em vida? Por que seria diferente agora, não? Assim: sinto nojo daquela mulher por agir daquela maneira. A presença daquela criatura me incomoda tanto quanto a cidade de interior incomoda a Evangeline, e devo dizer que isso não é pouco.

Contenho a vontade de provocar a queda de um vaso em sua cabeça, acreditando que Evangeline será capaz de fazer isso por mim – certo, certo, não acho que a garota atiraria um vaso na cabeça da prima no sentido literal da palavra, mas tinha comigo que a provocação de Diana desencadearia uma discussão entre as duas (mais uma) e que aquele espírito pobre escutaria poucas e boas da mais nova (o que com certeza machucaria mais do que qualquer vaso). Aquilo também fazia parte da rotina, afinal. Só que não foi isso o que aconteceu.

Boa tarde para você também, Diana“, cumprimentou, sorrindo. Tanto eu quanto Diana arqueamos a sobrancelha. “Vovó não guardou o almoço, viu? Tá tudo no micro-ondas esperando por você. Ah! A lasanha está deliciosa!” e assim voltou a prestar atenção no apresentador que dirigia o programa da tarde.

Espera… quê? Evangeline? Não, cara. Essa é a hora que você levanta, a encara com olhos de raiva e fala um monte!
Anda! Levanta!

Eu não sou a única que parece esperar por essa reação. “Tá pagando de boa moça agora, é?“, perguntou a outra, soltando uma risada que se desprendia do humor. “Ou espera que eu acredite na cena da neta que vem visitar os avós sem querer nada em troca?” Evangeline soltou um longo suspiro ao término do questionamento da prima, pensando por alguns segundos antes de responder. “Eu só espero conseguir assistir ao programa em paz.

Mesmo que saber sobre a vida dos atores globais não fosse do interesse de Evangeline, percebi que ela não estava inventando. Ela queria prestar atenção no programa. Ela queria evitar uma discussão desnecessária.

Ela não estava fingindo ou mentindo.
Não dessa vez.

***

Depois de dois meses, finalmente consegui postar minha parte do projeto na data certa, YAY! Adoro quando o dia 16 cai justamente no meu dia de postar aqui no Agora v4i *-* Vamos dar uma olhada nos textos das outras meninas que também participam?

Ghiovana, Ariana, Camyli, Maria Fernanda, Daniela, Lys, Thaís, Gabriela, Maíra, Brunna, Lianne, Marlana

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