Vinte.

Em 1994 o dia 7 de agosto caiu em um domingo e a dona Marta queria muito aproveitar o seu final de semana. O barrigão de quase nove meses de gestação não foi um empecilho para que ela saísse para tomar café-da-manhã em um hotel junto com o sr. Francisco, seu esposo, nem muito menos de passar a tarde saracoteando para cima e para baixo no shopping de Campo Grande.

A agitação foi tanta, dona Marta conta, que ela acreditou fielmente que essa era a causa das dores que se apossaram de suas pernas e costas quando o céu foi tomado pela noite. Só que o sr. Francisco, preocupado com seu desconforto, não deixou passar batido. Entrou em contato com a drª Sueli, ginecologista e obstetra que acompanhou o pré-natal, e contou para a médica tudo o que estava acontecendo. “Chegou a hora”, ela disse, surpreendendo o casal. “Venham para o hospital.”

Dona Marta e sr. Francisco sabiam que o dia que veriam a filha pela primeira vez estava próximo, afinal a cesárea estava marcada para quinta-feira daquela semana que estava começando, mas não imaginaram que a criança seria apressadinha e resolveria chegar antes do previsto. Entretanto, os pais de primeira viagem estavam preparados (ao menos é isso que eles afirmam para a filha sempre que contam essa história a ela).

Com o auxílio da mesma equipe que havia sido escolhida para acompanhá-los no dia 11 – sim, os profissionais que participariam do parto na data marcada eram os mesmos que estavam de plantão na noite do dia 7 de agosto -, Nicolle Ignacio veio ao mundo às 23h27.

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Enquanto digitava a história que meus pais me contam com certa frequência, fiquei pensando: sei tantos detalhes sobre as horas que antecederam meu nascimento, mas não consigo me lembrar, por exemplo, do meu aniversário de seis anos. Eu não tenho recordação alguma do que aconteceu no dia 7 de agosto de 2002, 2003, 2004 e assim sucessivamente, até 2008!

Isso me assustou bastante. Geralmente nos meus aniversários eu costumo refletir sobre as lições que a vida já me ensinou, nas pessoas que tive a oportunidade de conhecer e em momentos felizes e tristes pelos quais já passei, mas hoje, enquanto elaborava esse post, me dei conta que eu não lembrava de vários aniversários e, cara, fiquei chocada de verdade. Tão chocada que mudei totalmente o rumo de minhas palavras e ao invés de escrever o que tinha em mente, decidi que o melhor a fazer seria registrar o que aconteceu em 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e, finalmente, 2014, para não correr o risco de esquecê-los também.

Meus 15, 16, 17, 18 e 19 anos foram devidamente salvos em outro arquivo e podem aparecer por aqui em formato de crônica, mas optei por não compartilhá-los nesse momento porque se não, convenhamos, o post ficaria quilométrico e eu não quero cansar ninguém (por incrível que pareça). Por isso contarei somente o que aconteceu hoje, 7 de agosto de 2014.

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Essa história começou às 23h55 do dia 6, quando minhas amigas lindas, queridas e amadas começaram a contar os minutos para a chegada da meia-noite. Quando os dois ponteiros do relógio apontaram para o número 12, li muitas palavras que me fizeram sorrir e, na sequência, fui agraciada com uma surpresa maravilhosa. Posso ter agradecido na hora, mas só eu sei o quanto “Dear Ophelie, count us in” me deixou feliz e, por isso, não conseguiria deixar de dizer um “MUITO OBRIGADA!” mais uma vez ❤

Quando acordei recebi de meu pai um dos abraços mais gostosos de toda a vida e em meio a uma série de afazeres no serviço, fui tomada pelas energias positivas daquela que não é apenas minha colega de trabalho, mas também minha amiga. Mais sorrisos apareceram conforme as mensagens de felicitações iam chegando e, cara, vocês não imaginam como eu fico toda bobona de alegria quando lembram do meu dia.

Descobri que é possível guardar o pôr-do-sol em um potinho, tomei um milkshake que mais parecia toddynho (muito gostoso, por sinal) e fiquei animada enquanto assistia as aulas do período vespertino e do noturno. Cheguei em casa e recebi mais notícias realmente boas, além de ter conhecido Aaron. Tudo me deixou muito feliz, de verdade ❤

Agora estou aqui, deitada em minha cama digitando essas lembranças enquanto repasso mentalmente tudo o que aconteceu. Lembro dos sorrisos, dos abraços gostosos, do sorvete, das aulas, das mensagens totalmente lindas e das surpresas cheias de amor ❤

Posso não estar me sentindo uma menina – independente de quantos anos eu tenha ainda não consigo me considerar “mulher” – mais experiente ou madura, mas quem sabe o tal do “2.0” não me proporcione isso? Vamos aguardar.

De qualquer forma, são esses os detalhes que quero guardar do dia 7 de agosto de 2014. Quero agradecer a todos que lembraram e que, do seu jeito, me fizeram feliz. Vocês tornaram a chegada da minha vigésima primavera um momento digno de ser guardado na memória e eu sou grata por isso ❤ Muito obrigada!

 

Nos vemos no próximo post, beleza?

Nikki.